Pesquisar este blog

segunda-feira, 4 de abril de 2011

[games] Gamers como aliados



O contraste entre a pujança da indústria dos games com a quase bancarrota da indústria fonográfica é decerto o fato mais notável dentro da cultura pop nesse início de século XXI. A adaptação aos novos tempos é um forte argumento que ajuda a entender essa rápida troca de papéis.
           
A indústria fonográfica, diante da pirataria incontrolável iniciada pelo Napster e perpetuada pelos softwares P2P, optou por tomar o público como um inimigo. Fez lobby, processou laranjas, colocou alguns na cadeia, bateu perna e fez biquinho. Tentou usar sua força para deter uma mudança estrutural e perdeu terreno. Apenas agora está começando a perceber a necessidade de adaptar seu modelo de negócio aos novos tempos e inéditas tecnologias. Algumas empresas de softwares seguiram o mesmo caminho errôneo, impondo barreiras aos seus códigos e tomando usuários que tentassem adapta-los por hackers.

Uma ala dos produtores de games fez exatamente o oposto e se deu muito bem. Em vez de apontar o dedo para seus próprios usuários, eles os tomaram como aliados no processo. The Sims é um exemplo universal e adequado. O jogo de simulação da realidade permitia que os usuários alterassem os skins, a aparência, de personagens e objetos do jogo, escolha que só trouxe bons resultados para a Maxis, produtora do software. Os jogadores, muito mais numerosos, criativos e antenados do que os programadores, não apenas tornaram-no mais divertido como aumentaram sua vida útil. Se o game ficasse restrito aos elementos pré-programados, logo enjoaria. Com isso não, o usuário cansa e baixa uma série de modificações, podendo colocar o Barrichello ou o Hitler para tomar banho numa banheira gótica. Não por acaso o The Sims é o jogo de PC mais vendido da história, superando World of Warcraft com folga.


O poder criativo do usuário não se limita ao moderno. Quem tinha um Mega Drive nos anos 90 deve se lembrar do clássico Streets of Rage (Bare Knuckle) de 1991. Principal nome do gênero Beat ‘em ‘up, o jogo ficou marcado pela sua jogabilidade e inesquecível trilha sonora. Eis que após oito anos de desenvolvimento, fãs carentes do jogo lançaram a versão final do “Streets of Rage Remake”, jogo não-oficial que mescla personagens e fases das três versões da franquia, acrescentando novos cenários, encerramentos, trilha sonora remixada e novos efeitos gráficos impensáveis para um 16bits, mantendo, é claro, a jogabilidade de sempre. A franquia é tão forte que os fãs, décadas depois, criam versões definitivas para suprir a lacuna deixada pela Sega. Versões mais legítimas que certos remakes oficiais que apenas queimam a franquia por falta de entendimento do público e do conceito do jogo. (Como Age of Empires III da Microsoft).

O futuro se abre para aqueles dispostos a compartilhar impressões e tecnologia com seus usuários numa relação amigável onde ambos os lados ganham, tendo neles o principal aliado, jamais um inimigo a ser acossado e processado. Finalizo o post com a lembrança da opening de SoR 1 por Yuzo Koshiro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário